CATTEYA LEOPOLDII- CATTLEYA TIGRINA- A BELEZA TEM MAIS DE UM NOME-
Mas na época a descrição de Lemaire recebeu maior divulgação
que a descrição original de Richard, e o erro perdurou por muito tempo e foi
solucionado apenas recentemente com o restabelecimento do nome correto dado a
esta espécie, pois a diferença entres a Cattleya tigrina e a Cattleya guttata
são muitas!
Uma dela é a época de floração, a Cattleya tigrina floresce de Novembro a fevereiro enquanto a Cattleya guttata de Fevereiro a Abril. Existem outras muitas outras diferenças, como por exemplo o habitat, o comprimento das folhas, o labelo, o tamanho das flores, o colorido, etc. Mas mesmo passado muitos anos, ainda hoje, existem muitos taxonomistas que consideram a Cattleya tigrina, e também Cattleya leopoldii, sinônimos da Cattleya guttata, da qual seria apenas uma variedade de maior interesse horticultural cuja permanência como espécie autônoma é mantida mais por hábito de muitos colecionadores, do que por comprovação científica.
A Cattleya tigrina é encontrada no Brasil desde a faixa
litorânea vegetando em restingas e na Mata atlântica do sul da Bahia passando
pelo Rio de Janeiro e indo até o Rio Grande do Sul em estreita faixa de matas *higrófilas,
que rodeiam lagoas, banhados, dunas e pequenas elevações de terra. A maior ocorrência
da Cattleya tigrina era no sul, indo desde as cercanias de Porto Alegre até o
litoral sul de Santa Catarina onde ela avança por grandes distâncias para o
interior, ao longo das margens dos rios e pelas brechas existentes nos
contrafortes da Serra do Mar, sempre pela ação dos ventos dominantes que sopram
do oceano para o continente, incursões nas quais é frequentemente acompanhada
pela Cattleya intermedia, estando hoje quase
extinta na natureza, pois seu habitat infelizmente foi muito destruído pelo próprio
homem.
A ação predatória radical deve-se ao fato da sua floração ocorrer
justamente no início das férias de verão, durante a frenética corrida dos
turistas em busca do litoral, movimento que garante aos moradores virarem mateiros e garantir um bom lucro com a venda
das plantas em flor e também a morte da maior parte destas, pelo fato da
maioria dos compradores não terem sequer a menor ideia de como cultivá-las.
Isso causou um impacto ambiental sem precedentes, mas muitas dessas plantas foram preservadas por orquidófilos experientes, que hoje graças ao manejo correto e a micro
propagação invitro conseguem multiplica-las e usa-las em cruzamentos entre si para
o melhoramento genético da própria espécie, e assim podendo voltar a natureza em áreas que hoje são preservadas e
monitoradas. É sempre bom lembrar que retirar plantas de seu habitat causa
impacto ambiental e é considerado crime, além disso, plantas retiradas da
natureza tem muita dificuldade de adaptação em novo local correndo o sério
risco de morrer.
Atualmente a espécie é
facilmente encontrada em orquidários de renome aqui no Brasil onde as plantas
nascem adaptadas ao cultivo domestico. Possuem muito mais resistência e
florescem com maior abundância.
A Cattleya tigrina possui pseudobulbos eretos, cilíndricos e
levemente sulcados podendo atingir até um metro de altura e as vezes podendo até
passar um pouquinho...
É uma Cattleya do grupo das bifoliadas com folhas grandes,
as vezes três folhas, oblongas e elípticas, coriáceas e grossas. A
Inflorescência surge no ápice do pseudobulbo de espata verde, logo após a
maturação do bulbo, sem fazer a dormência.
As flores da Cattleya tigrina possuem labelo mais largo que
a Cattleya guttata, e normalmente, ou na maioria dos exemplares, possuem o tubo
polínico de cor atropurpúrea, completamente colorido com exceção das
variedades que mesclam as cores, e a coloração das pétalas e sépalas mais escura. A cor típica é geralmente marrom
com pintas escuras e a haste floral pode conter entre 2 e 8 flores e em algumas
plantas esse numero vai além podendo chegar a mais de vinte flores, onde o
tamanho das flores acaba diminuindo mas o formato é de um cetro de flores! O
tamanho das flores geralmente bem distribuídas no racemo floral mede de 8 a 10
centímetros de diâmetro, podendo, excepcionalmente, atingir até 12 centímetros em
alguns clones excepcionais, mas a média ainda é maior do que a Cattleya
guttata. Sendo esta uma das características que a distinguem da Cattleya
guttata, cujas flores, quase sempre em maior número, são bem menores que a
Cattleya tigrina.
Hoje em dia a
variedade de cores e formas aumentou com o melhoramento genético e hoje chega a
mais de dez. Antigamente além da cor típica existiam poucas variações de cor da
Cattleya tigrina, entre elas a Albina e a Aquinii “. Essa situação foi alterada
quando um orquidófilo encontrou no extremo sul do habitat, a Albescens,
posteriormente rebatizada com a bela e sugestiva denominação de "Cetro de
esmeraldas", um dos clones mais
famoso e maravilhoso que ainda hoje depois de mais de 20 anos depois, ainda
continua sendo objeto do desejo da maior parte dos colecionadores, pois sua
floração é única! Alguns anos mais tarde
surgiram a Vinicolor e Semi-alba. O grande alvoroço dos orquidófilos, no
entanto, ficou por conta do achado das coerúleas! Momentos de emoção dos
colecionadores ocorreram também com o achado de duas esplêndidas trilabélias e
uma Aquinii, no início da década de 80.
Recentemente através
do interesse do estudo da espécie, foi achado o habitat de plantas
semi-albas, suaves e lilácinas . O que mais surpreende é que se não fosse
achadas antes do desmatamento essas plantas únicas poderiam simplesmente nem
existir , visto que as matas em que
foram encontrados foram derrubadas para dar lugar a lavouras ou a pastagens ou
simplesmente para transformarem-se em carvão. O valor do achado é além da
beleza das flores e da sua raridade, o grande potencial genético para a
germinação de plantas mais adaptáveis e perfeitas em forma e em colorido, além
da possibilidade de repovoar os habitats destruídos um dia.
A espécie, como a maioria das epífitas, é xerófita, pois
vive grande parte do tempo seca e está perfeitamente adaptada a essa situação,
razão pela qual o seu cultivo deve ser conduzido de forma que as raízes não
permaneçam encharcadas por muito tempo, o que explica sua preferência por substratos
grandes e porosos, pedras e cachepô de madeira, além de troncos e cascas de
madeira de apodrecimento lento. Essas são as opções que satisfazem melhor suas
necessidades de aeração. O crescimento da Cattleya tigrina é lento devido ao
prolongado repouso de pós-floração, tornando a brotar somente meses depois
fazendo com que a espécie tenha um lento desenvolvimento, e consequentemente
aversão a retirada de mudas frequentes.
*Vegetação higrófila:
Vegetação adaptada à grande umidade. As raízes desses vegetais são pequenas e
as suas folhas são grandes para facilitar a evaporação, além de possuírem
caules bastantes desenvolvidos.
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