HOFFMANNSEGGELLAS- DAS PEDRAS TAMBEM NASCEM FLORES!



Hoffmannseggella bradei
Quando iniciamos no cultivo de orquideas e começamos a aprender sobre essas belas plantas não conseguimos imaginar o tamanho desse mundo e a quantidade enorme de flores, cores, perfumes, que existem. 
Mais difícil ainda seria imaginar logo de cara que as orquídeas são plantas das mais rusticas e resistentes que existem! 
Pois bem para quem cultiva há mais tempo sabe que as orquídeas são compaveis aos cactos pela maneira como fazem a sua fotossíntese onde produzem seu próprio alimento e por esse motivo conseguem vegetar quase no planeta todo, mesmo em áreas desérticas com períodos de seca, apenas como exceção o frio intenso do Ártico que inibe o crescimento vegetal.
 Um grande exemplo dessa complexa resistência ao calor e a insolação direta são as plantas que ilustram esse texto, uma orquídea brasileira, mas com nome de estrangeira: hoffmannseggella, que é uma subdivisão do gênero Laelia, e que atualmente foi anexado ao gênero Cattleya. 

Hoffmannseggella guylanii flamea
É composto por aproximadamente 60 espécies conhecidas, todas aqui do Brasil, em habitats localizados em regiões montanhosas chegando até o cerrado nos estados de Minas Gerais, Espirito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, e também na Bahia.
 Entre todos os estados brasileiros, Minas Gerais se destaca como o mais extenso conjunto de terras elevadas do país e por esse motivo é o estado que concentra a maioria das espécies rupícolas de hoffmannseggella no Brasil.
 As espécies rupícolas habitam a parte mais alta das montanhas, em altitudes variáveis, acima dos 800 metros acima do nível do mar, e não só elas mas também centenas e centenas de outras espécies de orquídeas habitam toda essa região que divide o litoral do interior e por esse motivo acaba recebendo uma excelente umidade ambiente trazida pelos ventos que também vem do mar para o continente. 


Hoffmannseggella mixta
Em geral os ambientes onde as hoffmannseggelas vegetam são abertos e há pouca vegetação em volta onde o que predomina no solo são rochas e sedimentos, tornando esses locais impróprios para a maioria das plantas que conhecemos. Por esse motivo, orquídeas, bromélias,vellózias, cactos, entre outras espécies de plantas são as famílias botânicas que predominam nesses tipos de habitat havendo uma grande diversidade de espécies que juntas formam "ilhas de vegetação" sobre as pedras, dando a oportunidade até para que outras espécies se desenvolvam. 
Pelo modo como vegetam, essas orquídeas podem ser consideradas litofitas, saxícolas, rupícolas ou ainda rupestres, enfim, muitos nomes para dizer uma coisa só: plantas que vivem entre as rochas. O segredo para tal façanha pode ser visto ao final de cada dia quando o sol se põe e o ambiente se transforma com a queda da temperatura e um grande aumento da umidade ambiente com o orvalho que se forma no fim do dia e toma conta de tudo hidratando as plantas.
A separação dessas espécies de Laelia para a formação do novo Gênero hoffmannseggella teve como objetivo principal agrupar todas as espécies rupícolas facilitando a identificação do ponto de vista botânico. No meio orquidófilo elas são mais conhecidas mesmo como Laelias rupícolas ou Laelias Mineiras. Inclusive foi assim que as conheci! (Laelia se lê: Lélia).
Hoffmannseggella crispata
As características dessa variedade de espécies se dá exatamente pelo local de origem, onde se adaptaram a vegetar bem mesmo com uma maior variação térmica e extrema insolação. Por esse motivo podemos comparar as Hoffmannseggellas com os cactos pelo tipo do seu metabolismo e fotossíntese que é conhecido como CAM (metabolismo acido das Crassuláceas), altamente econômico para a planta e que permite a ela poder fazer as trocas gasosas da fotossíntese durante a noite com a abertura dos estômatos (glândulas das folhas) só no fim do dia, pois dessa maneira a perda de água é praticamente nula em relação ao que perderia de dia com calor.
Na parte vegetal as hoffmannseggella também possuem características especiais para facilitar a sua vida sobre as pedras. São plantas de pequeno porte possuindo rizoma curto e pseudobulbos cônicos, cilíndricos, normalmente com uma folha só de formato lanceolado com textura coriácea. 
Sophronitis cernua x Hoffmannseggella crispata
As folhas das espécies são grossas, duras e bastante inclinadas para diminuir a fotodegradação dos tecidos causada pela alta radiação. 
O crescimento delas é simpodial, mas bastante aglomerado o que dá o aspecto de touceira ou "tapete". 
Possui uma variação morfológica grande em função do habitat, podendo alterar muito o tamanho e a altura dos pseudobulbos conforme o local onde está fixada. Com a alta exposição ao sol, a formação de carotenoides para a proteção da clorofila aumenta gradativamente e tanto os bulbos como as folhas tendem a ficar amarelados e ou avermelhados, o que para mim é uma beleza a parte! 
Hoffmansseggella itambana
Mesmo com todos esses recursos para sobreviver o ciclo tende a ter épocas de maior calor e menor umidade e nos habitats podemos ver plantas com os bulbos traseiros secos e queimados. No meu cultivo isso não costuma acontecer pois consigo fornecer a umidade necessária conforme a época do ano equilibrando e evitando picos de estress hídrico nos exemplares da minha coleção. As raízes das hoffmannseggellas são capilares com velame grosso e muito mais tolerantes ao calor e a umidade do substrato do que espécies epífitas, sendo totalmente adaptada e especializada a se fixarem nas fendas das rochas ou entre o musgo sobre as rochas. Desse forma também conseguem proteger suas raízes do calor excessivo, se fixar e se alimentar da matéria orgânica que se acumula entre elas. 
Também é possível encontrar exemplares vegetando sobre as rochas ao invés das fendas, e mesmo sob alta temperatura, conseguem se proteger sem danificar suas raízes com o calor, pois costumam formar pequenas touceiras protegendo suas raízes.
Hoffmansseggella milerii
As flores das hoffmannseggellas são um show a parte nesse cenário cinza das pedras, chamando a atenção de polinizadores facilmente.
Com hastes florais longas, em cachos podendo chegar até 50cm de altura em relação a altura da planta com as flores se abrindo sucessivamente sustentando de uma até mais de oito flores. 
O tamanho das flores também é variável, ficando entre 2 e 7cm de diâmetro de formato estrelado. As pétalas e sépalas tem o mesmo tamanho e formato com cores vibrantes como amarelo, vermelho, laranja, lilás e branco causando um enorme contraste no habitat na época de floração. O labelo da flor costuma ser franjeado e da mesma cor das pétalas e sépalas, mas podendo também mesclar tonalidades de cores, linhas e pinceladas com cores diferentes que chamam muito a atenção e indicam o caminho aos polinizadores.
Potinara Hoku Gem- Planta 
hibrida, neta 
da hoffmannseggella milerii!

    







Alem das espécies existem também os híbridos formados em cruzamentos com essas pequeninas, pois as hoffmanseggellas possuem qualidades interessantes que podem ser passados nos cruzamentos. 



















Hofmannseggella guylanii var. flamea





Com todo esses atrativos cada vez mais vemos coleções dessas jóias da natureza, pois em locais pequenos conseguimos cultivar vários exemplares sem se preocupar com o calor e a luz excessiva que prejudicariam outras espécies de orquídea.
Para mim o que mais chamou a atenção nelas desde o inicio foi o fato de terem esse porte de "miniorquidea" com flores de cores vivas e com a forma estrelada! Pude conhecer essas beldades em uma exposição de orquídeas em Vinhedo-SP, no estande de um dos orquidários que estavam comercializando plantas, e ai perguntando sobre o cultivo fui informado que era bem simples, apenas necessitando sol praticamente pleno, adubação orgânica e regas praticamente diárias também, e ao final do dia. Eu moro no oeste do estado de São Paulo, quase divisa com o sul do estado de Minas, com altitude de 600 metros acima do nível do mar,  e aqui o clima é propicio ao cultivo delas, onde temos até 40 graus de calor no verão e um bom frio no inverno. Essas características de clima exigem um cultivo buscando um equilíbrio desses fatores para que se tenha qualidade no cultivo. No meu caso aqui especificamente consigo isso com uma adubação que ajuda a planta a vegetar com qualidade nessas condições adversas e com regas constantes incluindo todo o ambiente a volta das orquídeas que é repleto de outras plantas para equilibrar a umidade e a temperatura/ventilação.



Agora o passo a passo que faço na hora do plantio das hoffmansseggellas: 



-Estas duas plantas nas fotos ao lado que vou replantar em um vaso maior de boca mais larga.
-Eu uso um substrato misto de pedrisco comprado em gardens, carvão vegetal novo e picado e casca de pinus picada também.

- E ainda acrescento dez por cento de humus de minhoca na mistura.

 -Vaso plastico boca larga. 

-Nas fotos ao lado, as duas plantas que estou replantando.




























 Preparando o substrato: 
-Apesar de ser indicado para as hoffmansseggellas, tambem pode servir para qualquer espécie de orquidea epifita tambem, só que sem acrescentar o humus de minhoca que uso exclusivamente em espécies rupicolas!
-Usando o substrato dessa forma consigo fazer regas constantes sem prejudicar a aeração das raizes!


Pedrisco 50%

Casca de pinus + carvão vegetal- 40%
Humus de minhoca- 10%










Misturando bem cada item em um recipiente limpo!







 



-Depois de bem misturado pegue o vaso e faça uma camada só de pedra no fundo para ficar de dreno. 







-Coloque um pouco da mistura do substrato.








-Retire a planta do vaso sem mexer em suas raizes, pois não ha nenhuma necessidade de limpa-las ou lava-las antes de replantar. Fazer isso pode prejudicar a planta.




 -Acomode a planta o mais centralizado, pois ela costuma ter muitas frentes e crescer em varias direções, sempre se guiando pelo sol.
-Complete em volta com mais substrato e pronto! A pedra fixa a planta que com o tempo enraiza melhor no novo vaso.









 Em seguida ao replante eu faço um "mergulho" com a planta usando um adubo completo, com tudo que a planta precisa de minerais alem de outras substancias muito benéficas e que facilitam demais o meu cultivo.
Quem quiser experimentar entre no site: www.agrooceanica.com.br

Se voce já usa algum outro adubo tambem pode e deve usar os adubos da agrooceanica pois eles alem de nutrir melhoram a capacidade da planta em se alimentar no ambiente aproveitando muito mais outra adubação intercalada com eles. 

Alem de assentar o substrato travando a planta definitivamente, o mergulho nessa agua diluida com adubo acelera a "pega" da planta no novo vaso alem de enriquecer o substrato com minerais essenciais as orquideas!! Experimente e depois me diga o que acha!















Bora formar uma coleção como eu??   um grande abraço a todos!!!!

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